Ideia de que a invasão de privacidade e vazamento ilegal das mensagens podem impedir ações contra a Lava Jato não está no radar dos ministros, diz jornalista
O jornalista Tales Faria reportou na manhã desta segunda (10) que alguns ministro do Supremo Tribunal Federal já discutem anular decisões tomadas no âmbito da Lava Jato em instâncias inferiores.
As conversas de bastidores no STF são reação às reportagens do site The Intercept, que na noite de domingo (9) revelou provas bombásticas de atuação de Sergio Moro como auxiliar de acusação junto ao Ministério Público Federal, prática considerada ilegal.
Moro e a força-tarefa do MPF rebateram a denúncia do Intercept tentando naturalizar a relação (conluio, na verdade) e apontando para a invasão de privacidade e vazamento ilegal das mensagens trocadas em grupos no Telegram.
Segundo Faria, ministros do STF acreditam que o vazamento será usado para afastar Moro e os procuradores de Curitiba de uma punição no Conselho Nacional de Justiça e no Conselho Nacional do Ministério Público, embora seja “duvidoso” que isso aconteça, dada a repercussão do escândalo da “Vazajato”.
Já dentro do STF, a expectativa é de que as conversas devem “servir para anular alguns dos processos ali tratados. É o caso, por exemplo, do processo sobre o tríplex no Guarujá, em que a Lava Jato acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter recebido o imóvel como propina.”
O jornalista lembrou que “a heterodoxia de Moro no caso da Lava Jato não agrada parte da Corte já há algum tempo. Mas os defensores da operação Lava Jato têm formado maioria até agora, o que serviu para blindar Moro e os procuradores.”