Uma barragem de rejeitos da Vale se rompeu na tarde desta sexta-feira, na região de Mário Campos e Córrego do Feijão, no município de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
De acordo com a Defesa Civil, há possíveis vítimas, e os moradores que moram na parte mais baixa da cidade serão retirados das casas.
Deivison Inácio, de 22 anos, trabalha em uma empresa de mineiração vizinha a barragem da vale. Ele conta que o rompimento aconteceu por volta de 12h30, e surpreendeu a todos.
— A gente não entendeu nada direito. Está tudo muito tumultuado. A mina da Vale fica virada para o Centro de Brumadinho. Daqui da mina não conseguimos ver ainda até onde a lama invadiu — disse.
A Vale informou que os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco. Ainda não há confirmação se há feridos no local, segundo a mineradora.
"A Vale acionou o Corpo de Bombeiros e ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragens", afirmou a empresa em um comunicado. "A prioridade total da Vale, neste momento, é preservar e proteger a vida de empregados e de integrantes da comunidade".
Nas redes sociais, a prefeitura da cidade publicou um alerta para que a população não fique perto do leito Rio Paraopeba. Moradores informam que acessos à cidade estão fechados.
O governo do Estado de Minas Gerais informou que enviou uma força-tarefa para acompanhar e tomar as primeiras medidas. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, determinou o envio de equipes de emergência do Ibama e grupos de coordenação de trabalho do ministério para Brumadinho. Salles informou ao GLOBO que o ministério do Meio Ambiente está coordenando os trabalhos junto com Agência Nacional de Mineração e Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
Segundo informações preliminares, a barragem que se rompeu é usada para recirculação de água da planta e contenção de rejeitos em eventos de emergência. No site da Vale, consta que ela tem cerca de um milhão de metros cúbicos.
O parque do Instituto Inhotim foi fechado por orientação do Corpo de Bombeiros. A medida é válida para funcionários e visitantes e serve como precaução, já que o local não chegou a ser atingido pela lama.
O incidente em Brumadinho ocorre três anos após a tragédia de Mariana, quando uma barragem de rejeitos da companhia Samarco, também da Vale, se rompeu. Cerca de 43,7 milhões de m³ de lama, volume próximo do Pão de Açúcar, vazaram de instalações da mineradora no maior desastre ambiental do Brasil. O acidente ocorreu no dia 5 de novembro de 2015. Dezenove pessoas morreram, e cidades da região sofrem até hoje com os efeitos dos detritos tóxicos espalhados pelo mar de lama.